Recebi as chaves: o que fazer nos primeiros 30 dias

Recebeu as chaves e bateu a dúvida: o que fazer após a entrega do imóvel na planta nos primeiros 30 dias? Este guia prático em 4 blocos organiza tudo por prioridade para você evitar dores de cabeça: da vistoria final e registro de eventuais vícios, à troca de titularidade de luz/água/gás, IPTU, seguro residencial e regras do condomínio para mudança e pequenos ajustes. Em linguagem direta, mostramos o que checar, como documentar, quem acionar e quais prazos observar, com atenção especial às rotinas comuns nos lançamentos da Zona Oeste do Rio. No fim, você terá um checklist de 30 dias claro para entrar com o pé direito.
Após a entrega do imóvel na planta: checklist de 30 dias
- Dias 1–7: Vistoria fina dos ambientes, testes de elétrica/hidráulica, fotos/vídeos dos vícios, abertura de chamados com a construtora, leitura inicial de medidores, solicitação de troca de titularidade (luz/água/gás), verificação do manual do proprietário e da cobertura de garantias.
- Dias 8–15: Acompanhar retorno dos chamados, agendar correções internas, solicitar internet e TV (passagem de cabos), avaliar seguro residencial básico, conferir IPTU/cadastro na prefeitura, organizar documentos para eventual financiamento/uso de FGTS (se aplicável).
- Dias 16–30: Planejar mudança (agendar com condomínio, elevador de serviço, proteção de áreas comuns), alinhar com síndico/administradora as regras de obras leves, revisar portas/fechaduras/vedações, checklist final antes de mobiliar.
Prioridades que não podem esperar
Nos primeiros dias, trate a vistoria como exame clínico do imóvel. Acione cada ponto de água (chuveiros, torneiras, ralo), verifique pressão e vazamentos. Ligue todos os disjuntores e teste tomadas com carregador. Abra e feche esquadrias; observe desnivelamento e vedação de borrachas. No piso, procure oclusões, lascas e sons ocos.
Encontrou vício? Documente com foto/vídeo + data e descreva o local (“suíte 1, parede da janela, infiltração”). Envie e-mail/portal do SAC da construtora citando o número do apartamento, anexe evidências e guarde o protocolo. Evite iniciar marcenaria/revestimentos antes de a assistência técnica corrigir para não perder cobertura. Em geral, acabamentos têm prazos mais curtos; itens de estrutura costumam ter prazos longos. O manual do proprietário e o termo de garantia são sua referência principal.
O que separar de documentação e contatos úteis
Deixe uma pasta só para o imóvel: termo de entrega, manual do proprietário, memoriais de acabamento, manuais de elevador/portões (quando fornecidos), apólice do seguro do condomínio (se disponível), termo de habite-se e dados do RGI/averbação quando saírem. Guarde também as plantas hidráulica/ elétrica fornecidas.
Contatos que ajudam no dia a dia: construtora/assistência técnica, síndico (ou síndico provisório) e administradora do condomínio; concessionárias de energia, água/esgoto e gás, confirme quais atendem seu bairro. Já anote também um serralheiro, vidraceiro e técnico de internet de confiança para pequenos ajustes sem improviso.
Vistoria final, testes e garantias (dias 1–7)
Faça essa etapa antes de levar móveis ou iniciar marcenaria. Reserve 1–2 horas com luz natural, leve trena, nível, carregador de celular, balde, papel A4 e fita crepe para marcar pontos.
Comece pelos sistemas críticos. No quadro elétrico, identifique e teste cada disjuntor. Verifique se todas as tomadas energizam e se o DR (quando houver) desarma ao apertar o botão de teste. Interfone, campainha e pontos de TV/internet precisam ligar e manter sinal estável. Se notar aquecimento anormal, ruído ou cheiro de queimado, interrompa e acione a assistência técnica.
Na hidráulica, abra registros, avalie pressão e escoamento. Em boxes e áreas molhadas, observe o caimento: a água deve correr para o ralo, sem poças. Confira sifões e conexões sob pias; qualquer gotejamento é vício. Faça leitura inicial dos medidores (água/gás) e fotografe com data.
Em esquadrias, abra/feche todas as folhas e trave as persianas. Passe uma folha A4 entre borracha e perfil: se deslizar fácil, há folga/vedação deficiente. Examine vidros (riscos, trincas) e pingadeiras. Nos revestimentos/pisos, procure desalinhamentos, lascas e sons ocos; rejuntes devem estar íntegros e sem manchas.
Se houver gás, nunca use chama para teste. Pulverize água com sabão nas conexões: a formação de bolhas indica vazamento. Sentiu odor? Feche o registro, ventile o ambiente e contate a concessionária.
Registre tudo com fotos e vídeos (plano geral + close), anote por cômodo e envie à construtora via e-mail/portal, solicitando protocolo. Guarde cópias no seu “dossiê do imóvel” (termo de entrega, manual do proprietário, números de atendimento).
Prazos de garantia variam por item e construtora. Em geral, acabamentos têm prazos mais curtos; sistemas/estrutura possuem cobertura mais longa (frequentemente citada como até 5 anos para elementos estruturais). Valem o manual do proprietário e o contrato: reporte vícios o quanto antes e evite intervenções que possam descaracterizar a responsabilidade da construtora.
Antes de qualquer obra interna, confirme pontos de passagem (hidráulica/elétrica) nas plantas para não perfurar tubulações. Se precisar, chame um eletricista/encanador para medições seguras.
Três testes indispensáveis (rápidos):
- Carregador em todas as tomadas + botão de teste do DR.
- Balde d’água no box para verificar escoamento e caimento.
- Folha A4 nas janelas para checar vedação/folgas.
Documentos e utilidades: titularidades, IPTU e seguros
Comece conferindo a documentação base. O habite-se atesta que o prédio foi aprovado pela prefeitura; é ele que permite a individualização e a averbação no RGI. Com o termo de entrega, manual do proprietário e contrato em mãos, você já organiza o “dossiê do imóvel”. Se a incorporadora ainda estiver finalizando a averbação, guarde os protocolos — eles costumam bastar para iniciar trocas de titularidade.
Troca de titularidade (luz/água/gás). Faça logo para evitar cobranças indevidas. Em geral, pedem: documento com foto, CPF, comprovante de posse (termo de entrega/contrato) e identificação do imóvel (unidade/bloco).
Tire foto dos medidores na data da chave; serve como leitura inicial e prova de consumo zero/baixo. Se houver irregularidade (ex.: vazamento no hidrômetro), abra protocolo imediatamente.
IPTU e cadastro na prefeitura. Em imóveis novos, o cadastro pode levar algumas semanas após a averbação. Verifique se já existe inscrição imobiliária; quando surgir a primeira guia, confira titular, metragem, uso e condomínio lançados. Achou divergência? Peça revisão antes de pagar. Guarde também o espelho do IPTU — os bancos e seguradoras costumam pedir.
Seguro residencial: por que considerar nos 30 dias. O seguro do condomínio cobre áreas comuns, não o conteúdo da sua unidade. Um residencial básico costuma incluir incêndio, danos elétricos e responsabilidade civil; dá para adicionar roubo, vendaval e assistências 24h (chaveiro, eletricista). Cote antes da mudança: com a unidade vazia, o risco é menor e o preço tende a ser melhor. Leia franquias e limites; avalie a soma segurada alinhada ao valor dos seus bens + acabamentos.
Dica final: guarde todos os protocolos (concessionárias, prefeitura, construtora) no mesmo arquivo. Facilita qualquer contestação futura.
Condomínio e mudança: regras, segurança e primeiros ajustes
Antes de marcar caminhão, confirme com síndico/administradora: horários permitidos, dias úteis, necessidade de agendamento e taxa de mudança. Muitos prédios exigem proteção de elevador e áreas comuns (manta, cantoneiras) e recusam mudanças sem essa preparação. Combine local de carga/descarga e tempo máximo parado.
Participe da assembleia de instalação. É nela que se valida a convenção, o regimento interno, valores de condomínio, regras de obras e mudanças. Se a assembleia ainda não ocorreu, peça o regulamento provisório. Em condomínios-clube, é comum haver janelas de mudança por torre; programe-se para não cair em fila.
Para obras leves (marcenaria, rebaixo de gesso, troca de louças), confirme se o prédio solicita ART/RRT e cadastro de prestadores. Nunca perfure lajes ou shafts sem planta; evite mexer em alvenaria estrutural. Proteja detectores de fumaça e sprinklers durante poeira/serragem e remova as proteções ao final do dia.
Pense na segurança desde o dia 1. Troque o miolo da fechadura e confira o alinhamento da porta (folgas e vedação inferior). Instale olho mágico e limitador se desejar. Em unidades térreas ou com varandas amplas, avalie fechaduras auxiliares nas esquadrias. Faça cadastro biométrico quando disponível e atualize a lista de autorizados (família, prestadores, diarista).
Internet costuma ser o primeiro serviço a entrar. Consulte o DG/ATI do prédio para saber operadoras habilitadas e trajetos de cabos. Peça instalação antes da mudança para ter Wi-Fi ao receber marcenaria/assistência técnica. Combine posição do roteador pensando em alcance no quarto e na sala.
Na primeira semana ocupando a unidade, faça microajustes: silicone em bancadas e box, regulagem de dobradiças e fechaduras, vedações em soleiras, batentes e shafts. Uma hora de serralheiro e outra de faz-tudo resolvem muito e evitam infiltrações por respingos.
Checklist rápido de mudança (5 itens):
- Agendar data/horário com a administração + proteção do elevador.
- Trocar miolo da fechadura e revisar alinhamento da porta.
- Instalar internet/TV e testar pontos.
- Cadastrar biometria e regras de acesso/delivery com a portaria.
- Revisar vedações (silicone/soleiras) após a primeira lavagem.
Conclusão
Receber as chaves é empolgante, e os primeiros 30 dias definem a qualidade da sua experiência no imóvel. Ao seguir o checklist após a entrega do imóvel na planta, vistoria detalhada, abertura de protocolos, troca de titularidades, atenção ao IPTU/seguro e alinhamento com o condomínio, você evita retrabalho, preserva garantias e começa a vida nova com segurança.
Trate essa fase como um “comissionamento” da sua unidade: teste, documente e só então personalize. Em cidades onde muitos lançamentos são condomínios-clube, alinhar mudança e regras de obra faz toda a diferença no cronograma.